Escutar é importante no processo da recuperação. O Projeto Consolação oferece um espaço de escuta que permite o nascimento da esperança. Uma mãe que perdeu seu filho violentamente, Neide (nome fictivo), diz: “É tão ruim quando a gente não tem uma pessoa para conversar. Pelo menos tenho aqui um espaço onde a gente desabafa e se sente mais leve. Nunca vou esquecer a dor totalmente, mas me sinto mais leve depois de falar. Um pouco mais aliviado. É muito bom quando alguém escuta”. A escuta leva a um processo de transformação da dura realidade. A escuta é o meio para a mãe assumir a sua força e crescimento. Uma mãe voltou a estudar, outra assume um papel oficial na sociedade. Assim nasce a esperança.
Sair do isolamento é muito importante. Tem hora que a mãe é parada, não raciocina, simplesmente não consegue mais pensar. Através da partilha, ela está sendo ajudada no processo da recuperação. A escuta ajuda na conscientização.
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Se palavras faltam, outros instrumentos podem ser percorridos, como por exemplo, o toque suave da massagem, uma caminhada silenciosa à beira do mar ou a criação de um ambiente aconchegante com é o caso na Casa Consolação. Objetos como almofadas, permitem expressões que colocam para fora sentimentos como raiva ou fúria, saudades ou conforto. A mãe que partilha a dor se torna mais forte. Ela não é mais só uma vítima, mas também protagonista da própria história, ou seja, ela determina o próximo ato na sua trajetória. De repente, através da narração, ela percebe as escolhas que tem na vida. Ela vive o que o texto de Deuteronômio oferece: “Diante de ti, eu ponho a vida e a morte, tu sabes escolher; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt 30,19). A partir do momento que a mãe começa a contar a própria vida, ela cria laços íntimos com as pessoas das quais ela fala. O filho que ela perdeu é trazido para o presente. A relação entre os dois é re-estabelecida. Novos sonhos e esperanças nascem. A pessoa que escuta é, de certo modo, um espelho para a mãe.
Têm mães com resistência de contar a história dos filhos e filhas perdidos. Cada mãe está no seu próprio processo. Necessita-se muita ternura e cuidado a não forçar o processo. Igual à borboleta que nasce do casulo. Acelerando o processo não adianta. Tudo no seu tempo. Mas criar amizade e cultivar uma terna aproximação a essas mães é um dos nossos objetivos.
Observação: co-autor P.C.
Lendo o texto me faz pensar sobre o mundo de hoje que não quer muito escutar! Como é importância escutar! Parabens por esse texto e o trabalho de vocês!
ResponderExcluirFoi muito interessante e muito bom o jeito que foi escrito. Parabéns gente!
ResponderExcluirPrimeiramente venho parabenizar essa iniciativa de vocês, pelo fato de muitas pesssoas estarem tendo a oportunidade de expor seu dia a dia depois de uma grande perda,oro e peço a nosso Deus que lhes dê forças e coragem pra continuar nessa luta e espero um dia estar fazendo parte dessa luta parabéns a todos.
ResponderExcluirQue bom ler as postagens de vocês nesse espaço que deseja gerar paz e fortalecer nossas amizades, empoderando-nos na nossa esperança. Muito obrigada pelas palavras. Elas nos encorajam a continuar na construção de uma cultura de paz.
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