No dia 26 de agosto, o Projeto Consolação participou no ato público que cobrou fim da violência e da impunidade. Este dia comemora a chacina de Lobato do ano 1993 que se lembra dos quatro jovens mortos, e junto com eles todas as vítimas da morte violenta. A luta de muitas pessoas, principalmente de familiares e amigos de vítimas levou à instituição da Lei 9.520, contra a impunidade. Que realmente, caminhada desta natureza possam fortalecer as famílias, que atos deste tipo nos façam cada vez mais solidários com as famílias das pessoas vitimizadas.
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sábado, 27 de agosto de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Uma tarde na Casa Consolação
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Arte que expressa a nossa dor e a esperança |

E logo uma dinâmica de grupo chamada a teia da aranha. Cada uma podia expressar o seu propósito e sentimento jogando um tubo de linha uma para outra. Concluímos com um mantra, pedindo paz. Cantamos “Força da Paz, cresça sempre, sempre mais, que reine o amor, acabem as fronteiras, paz, paz, ô paz!”. Continuou a nossa tarde com arte: cada mulher e inclusive as crianças, recebeu uma folha de papel em branco. Ficamos livres a fazer o que cada uma queria colocar no papel. Pintamos, escrevemos, desenhamos e partilhamos a nossa dor. Essa partilha levou a refletir sobre o nosso próprio painel com a inscrição: "Converte o nosso luto em alegria e as nossas dores em bem-estar!" (Est 4,17hh).
Contornamos as nossas mãos em cima do painel formando uma moldura. E escrevemos os nomes dos nossos filhos vítimas nas palmas dessas mãos que cariciaram os queridos filhos e filhas. O painel mostra a transformação da lagarta ao casulo à borboleta. Espontaneamente cantamos a música do Benito di Paula, "Proteção às Borboletas” (vejam abaixo no vídeo). Tive a certeza que a mão divina nos acolhia. Vi a importância daquele momento, e a esperança e fé que brotava naquele momento divino. Senti a certeza de quanto podemos nos ajudar e ajudar o próximo, pois o amor que tínhamos pelos nossos filhos não acabará. Ele não foi transformado em ódio, mas sim em consolo, um consolo de transformação de pensamentos que juntas podemos passar para pais, filhos e autoridades. É com o bem que venceremos o mal, e não com o sangue de culpados ou inocentes. Chega de tanto descaso, chega de tanta violência!

sábado, 19 de março de 2011
EU PARTILHO - TU ACOLHES?
Escutar é importante no processo da recuperação. O Projeto Consolação oferece um espaço de escuta que permite o nascimento da esperança. Uma mãe que perdeu seu filho violentamente, Neide (nome fictivo), diz: “É tão ruim quando a gente não tem uma pessoa para conversar. Pelo menos tenho aqui um espaço onde a gente desabafa e se sente mais leve. Nunca vou esquecer a dor totalmente, mas me sinto mais leve depois de falar. Um pouco mais aliviado. É muito bom quando alguém escuta”. A escuta leva a um processo de transformação da dura realidade. A escuta é o meio para a mãe assumir a sua força e crescimento. Uma mãe voltou a estudar, outra assume um papel oficial na sociedade. Assim nasce a esperança.
Sair do isolamento é muito importante. Tem hora que a mãe é parada, não raciocina, simplesmente não consegue mais pensar. Através da partilha, ela está sendo ajudada no processo da recuperação. A escuta ajuda na conscientização.

Se palavras faltam, outros instrumentos podem ser percorridos, como por exemplo, o toque suave da massagem, uma caminhada silenciosa à beira do mar ou a criação de um ambiente aconchegante com é o caso na Casa Consolação. Objetos como almofadas, permitem expressões que colocam para fora sentimentos como raiva ou fúria, saudades ou conforto. A mãe que partilha a dor se torna mais forte. Ela não é mais só uma vítima, mas também protagonista da própria história, ou seja, ela determina o próximo ato na sua trajetória. De repente, através da narração, ela percebe as escolhas que tem na vida. Ela vive o que o texto de Deuteronômio oferece: “Diante de ti, eu ponho a vida e a morte, tu sabes escolher; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt 30,19). A partir do momento que a mãe começa a contar a própria vida, ela cria laços íntimos com as pessoas das quais ela fala. O filho que ela perdeu é trazido para o presente. A relação entre os dois é re-estabelecida. Novos sonhos e esperanças nascem. A pessoa que escuta é, de certo modo, um espelho para a mãe.
Têm mães com resistência de contar a história dos filhos e filhas perdidos. Cada mãe está no seu próprio processo. Necessita-se muita ternura e cuidado a não forçar o processo. Igual à borboleta que nasce do casulo. Acelerando o processo não adianta. Tudo no seu tempo. Mas criar amizade e cultivar uma terna aproximação a essas mães é um dos nossos objetivos.
Observação: co-autor P.C.
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