quarta-feira, 20 de abril de 2011

Uma tarde na Casa Consolação


Arte que expressa a nossa dor e a esperança
No dia 16 de abril uniram-se na Casa Consolação as mães que partilham a mesma dor: a perda de filhos/as assassinados/as. Foi uma tarde regada de bolos, café, refrigerante e chá. Começamos com a apresentação de trechos das entrevistas que as mesmas mulheres deram para a pesquisa que trata o tema do desespero e da esperança no meio de violência. Os depoimentos nossos foram citados e recebidos com aplausos. Partilhamos a nossa história. Sentimos que lançamos o nosso livro entre nós mesmas. A riqueza de cada depoimento nos fortaleceu e nos fez sentir a sabedoria de cada uma presente. Toda partilha aconteceu num clima de abertura, confiança e respeito. Após a leitura de alguns parágrafos, teve uma partilha em cima deles.
E logo uma dinâmica de grupo chamada a teia da aranha.  Cada uma podia expressar o seu propósito e sentimento jogando um tubo de linha uma para outra. Concluímos com um mantra, pedindo paz. Cantamos “Força da Paz, cresça sempre, sempre mais, que reine o amor, acabem as fronteiras, paz, paz, ô paz!”. Continuou a nossa tarde com arte: cada mulher e inclusive as crianças, recebeu uma folha de papel em branco. Ficamos livres a fazer o que cada uma queria colocar no papel. Pintamos, escrevemos, desenhamos e partilhamos a nossa dor. Essa partilha levou a refletir sobre o nosso próprio painel com a inscrição: "Converte o nosso luto em alegria e as nossas dores em bem-estar!" (Est 4,17hh). Contornamos as nossas mãos em cima do painel formando uma moldura. E escrevemos os nomes dos nossos filhos vítimas nas palmas dessas mãos que cariciaram os queridos filhos e filhas. O painel mostra a transformação da lagarta ao casulo à borboleta. Espontaneamente cantamos a música do Benito di Paula, "Proteção às Borboletas” (vejam abaixo no vídeo). Tive a certeza que a mão divina nos acolhia. Vi a importância daquele momento, e a esperança e fé que brotava naquele momento divino. Senti a certeza de quanto podemos nos ajudar e ajudar o próximo, pois o amor que tínhamos pelos nossos filhos não acabará. Ele não foi transformado em ódio, mas sim em consolo, um consolo de transformação de pensamentos que juntas podemos passar para pais, filhos e autoridades. É com o bem que venceremos o mal, e não com o sangue de culpados ou inocentes. Chega de tanto descaso, chega de tanta violência!

2 comentários:

  1. esse encontro nos fez ter a ideia do que é o nosso trabalho na casa consolação pois essa dor e algo que mexe muito com toda nos. MAIS TAMBEM VIMOS QUE ESTAMOS NO CAMINHO CERTO COM ESSAS FAMILIAS QUE NOS ACOLHEM NAS VISITAS E PASSA A CONFIAR NA CASA CONSOLAÇÃO. VIMOS TAMBEM QUE SOMOS ESSA BORBOLETA QUE PENSA EM LIBERDADE E QUE QUER LIBERTAR COM A AJUDA DA COMUNIDADE.

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  2. "Meu Deus, meu Deus porque me abondonaste? " (Mc.15,34)
    Nestes dias em que lembramos a Paixão de Cristo, desejo que esta fonte de valores éticos alimente nossa humanidade e que possamoa ver a Grandeza de Deus no outro que sofre

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