segunda-feira, 11 de abril de 2011

ESCAPAR DA DOR NÃO É NEGAR A DOR

Cinema como lugar de
encontro solidário
Outro dia, eu disse a mim mesma: vou escapar da dor! Não digo, negar a dor! Mas simplesmente oferecer a mim mesma uma pausinha! Então fui ao cinema! Fui assistir o filme "As mães de Chico Xavier". Lá estive eu, sentado na poltrona de cinema. Ao meu lado uma mulher que começou a falar comigo. Ela tinha perdido seu filho por causa de doença.... não durou muito tempo que nós duas mães partilhavamos nossa dor. No pleno dia, numa segunda-feira, já que tem um ingresso mais barato, sentadas no cinema, duas mães baianas abrindo os seus corações. Não escapei da dor. Nunca escaparei da dor. Ela me persegue, mesmo no cinema! Mesmo assim, curti o filme que deixou a sua própria mensagem. Curti o shopping, passando pelos corridores, me distraindo um pouco. Curti mim mesma, só vivendo aquela tarde.
E a semana se passou assim. Indo para Grupo de Saúde da Mulher onde experimentei solidariedade e onde pude mergulhar no meu próprio auto-conhecimento. Cada vez mais, descubro quem eu sou. A perda do meu filho mudou completamente a minha vida e a da minha família e comunidade de amigos e amigas.
Mãe carioca depois da tragédia
no dia 6 de abril de 2011
Depois da tragédia de Rio de Janeiro onde 11 vidas inocentes foram tiradas de uma maneira cruel, me pergunto: o que é LUTO? Como expressar meu luto? Como foram marcados três dias de luto nacional, pronunciados pela presidenta Dilma Rousseff? Lembro-me de anos atrás, durante a minha infância, quando tinha um luto nacional: para mim significou que não tinha aula na escola! E nestes dias? Será que tinha mais silêncio ao nosso redor? Mais sinceridade? Mais paz e solidarieadade? A minha dor se une à das famílias cariocas. A minha solidariedade se junta à de toda terra brasileira.

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